quarta-feira, 27 de agosto de 2014

O que dizem os meus olhos...

Cheguei a casa... Deixando para trás uma vida de seis anos, sendo os
ultimos tres vividos num outro sitio a que chamei de meu... Sitio esse
deixado para trás juntamente com os sonhos criados e os projectos de uma
vida a dois que sensivelmente um ano depois se tornou vida a tres uma vez
que a minha gata maluca encheu me a casa e a vida de vida... Mas ainda
assim não o suficiente, pois erros do passado continuaram a assombrar uma
relação fragilizada por silencios e insegurancas... Mas já não importa, já
não me importa, o mal está feito e lamentavelmente não tenho como remediar
o passado.

Ontem não dormi, passei uma noite inteira no escuro a olhar para quem
estava ao meu lado na ansia de ainda me descobrir, em vão... Tudo o que
pernoitava na minha cama era um remanescente da ficção que criamos... E a
cada vez que sem quer me aproximava procurando um pouco de calor numa noite
gelida para mim, o habitual deste ultimo ano teimava em resurgir, um
rosnado, uma viragem para o outro lado demonstrando aquilo que tanto me
custa a aceitar... O meu lugar já não é ali... Já foi preenchido por outrem
mesmo que não seja admitido... E mesmo a ida até mim tenha sido voluntaria,
para dar algum consolo a uma alma perdida... As acões por sua vez voltaram
a ser diferentes das palavras ditas... Mas va, eventualmente aformeci, uns
minutos antes desse alguem ir trabalhar... E ainda bem, não gosto de
despedidas...

E enfim ao acordar, chorei, chorei e cada passo que dava a empacotar as
minhas merdas parecia facas a dislacerar a alma... E eventualmente consegui
fazer a mala... O pior foi mesmo sair de casa, com a minha gata maluca já
em raiva por me sentir de partida... Ainda tive uma hora no chao a ser
mordido por ela enquanto as lagrimas caiam em mim... Mas ao menos ela fica
bem...

Mas sai, avancei, a situação que estava a matar me... E ainda esta...
E vai continuar, pois apesat de não querer mais estou a ir contra tudo
o que me representa, desta vez estou a por o coração de lado e ouvir a
razão... Epah e apesar de varias pessoas terem me dito.. Olha pode ser
uma fase... O mal já está feito e não da pa remediar... Já me vim
embora... Ja estou de volta aos braços da minha mãe, onde por mais que
a vida ou as pessoas me maltratem tenho aqui sempre um porto de abrigo
das tempestades... Mas para mim já não é a mesma coisa... Desta vez já
não é igual, já não me sinto aqui...

Na minha separação anterior a volta a esta casa vou algo normal...
Desta vez deixei muito de mim do outro lado do rio... Ao ponto de
estar a ponderar desaparecer do mapa, e não no sentido dramatico das
coisas, não, desta vez sinto que estou mesmo a precisar de pagar na
minha mala e rumar ao desconhecido, sair de lisboa, sair do emprego
que já não me tras satisfação, e sair efetivamente deste mundo e
abraçar de braços abertos o outro lado... Preciso de renascer das
cinzas... E aqui já não tenho motivos para estar... E pir muito que me
digam epah e a tua mae, e os teus amigos e a tua gata... No fim todos
eles irão ficar bem... E eu também irei.

E o que dizem os meus olhos... Tanta coisa, dizem calma, pois sei que
vou descobrir a calma que ganhei e recentemente perdi, dizem perdão,
por tudo o que foi dito em raiva sem o intuito só para magoar, dizem
desculpa, por todas as desculpas que não cheguei a pedir a ti, a ti e
a ti..., dizem obrigado, por me terem acolhido de uma forma ou de
outra, e dizem amor... Para e por todas as pessoas/creaturas que amei
e que irei continuar a smar de uma forma ou de outra estão sempre
comigo...

De resto esta é a minha derradeira Crónica de um Tolo, pois a partir
do momento em que a publique vou ficar fora da rede, sem net, sem
telemovel... Vou aproveitar o tempo que me resta para escrever a
historia inacabada e para pensar no caminho a seguir. Gostei de vos
ter por aqui, mas para já deixo vos um "ate já"...

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