terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

O Silêncio de um Beijo… (Gritos Mudos: Bandemónio Revisitados)

Já passou tanto tempo, tantas águas desde as minhas viagens… Tanto tempo que parei entre silêncios e momentos de pura intimidade neste palco da vida… Tanta coisa se passou e em ti eu encontrei a minha luz…

Lembro-me do nosso último momento ontem e não quero que ele acabe mais, pois já vai alta a noite, vejo o negro do céu, deitado na areia, o teu corpo e o meu. Viajo com as mãos por entre as montanhas e os rios, e sinto nos meus lábios os teus doces e frios.

E voas sobre o mar, com as asas que eu te dou, e dizes-me a cantar: "É assim que eu sou", olhar para ti e ver o que eu vejo, olhar-te nos olhos com olhares de desejo, olhar para ti e ver o que eu vejo, olhar-te nos olhos com olhares de desejo, eu não tenho nada mais p'ra te dar, esta vida são dois dias, e um é para acordar, das histórias de encantar, das histórias de encantar.

Viagens que se perdem no tempo, viagens sem princípio nem fim, beijos entregues ao vento, e amor em mares de cetim. Gestos que riscam o ar, e olhares que trazem solidão, pedras e praias e o céu a bailar, e os corpos que fogem do chão.

E voas sobre o mar, com as asas que eu te dou, e dizes-me a cantar: "É assim que eu sou", olhar para ti e ver o que eu vejo, olhar-te nos olhos com olhares de desejo, olhar para ti e ver o que eu vejo, olhar-te nos olhos com olhares de desejo, eu não tenho nada mais p'ra te dar, esta vida são dois dias, e um é para acordar, das histórias de encantar, das histórias de encantar.

Mas de repente esqueço-me num momento e chamo-te uma vez mais de amor, e tu ficas estagnada a olhar para mim, pois já não gostas dessa palavra dita pela a minha pessoa, mas a mesma sai-me involuntariamente, pois amo-te e quero-te uma vez mais e para todo o sempre.

Assim para mim o amor… é essa palavra que me mata me corta (como uma faca) me deixa no chão, como um cão nu sem sossego, como o prazer que te nego. Dor, cativa, privada, bruma que te cobre o corpo de fada, sonho, distante na mente e de repente, saber que se está só.

É duro, é puro, o futuro, sempre presente como o céu na tua frente pintado, queimado, vazio assumido um corpo triste despido e uma mão que se estende, depende, de quem vier e é mesmo assim que se quer. Longe ou perto, tudo é deserto. Tudo é montanha que te arranha a alma com fúria, com calma…

É preciso ter calma. Não dar o corpo pela alma

Pois vês o passado dorido, ferido, agora tudo te é querido. Memória, vitória, não é esta a tua história. (…) Perdoa se não sei que fazer, Mas sei que deve doer, dá-me o teu olhar e eu dou-te o meu amor, e o beijo urgente, premente, esperança que não dorme, conforme, e dita o eu estar aqui. Amanhã, sei lá, para já o som da guitarra que me agarra, me prende, me solta, e a ti dá-te a volta, ao sorriso, tem calma...

É preciso ter calma. Não dar o corpo pela alma

Juízo, não tenho medo, não temo, só tremo de pensar... mas não penso, e tenso te faço viajar com a voz. Lembro Novembro passado quando os dias eram curtos e as noites de fado, rasgado, cantado, sentido. No Deus que criámos aprendemos a viver, de cor, meu amor, e agora, é hora, tudo fica por fazer, quero-te dizer mais uma vez que te amo, talvez, te quero, te espero e desespero por ti, e que isso só por si me chega p'ra viver, mesmo quando só houver...

Silêncio...

Imenso, e dor, e pior meu amor, a lembrança que descansa os olhos teus nos meus... Adeus.

É preciso ter calma. Não dar o corpo pela alma. É preciso ter calma. Não dar o corpo pela alma

É preciso ter calma. Mas eu não tenho… Pois nunca fui um herói, nunca soube voar, e por trás dos meus olhos uns olhos serenos de mar, que te vêem fundo no mundo e em todo o lugar.

Sou memória de ti, tu és poema e arara. Eu sou a sombra da fera que espera ou a voz do Guevara. Sou o silêncio que canto e te espanta e que nunca te agarra.

Deixa a minha mão, guiar o teu caminho, não é a solidão que faz um homem sozinho, é a paz na dor que sei de cor, e o teu sabor no céu que é meu, e onde grito:

Eu nunca te perdi, e nunca te deixei, eu nunca te esqueci, em ti eu repousei, eu nunca te perdi, e nunca te deixei, eu nunca te esqueci, por ti eu despertei. Eu nunca te perdi…

Mas estupidamente perdi…

E batem relógios no raiar dos dias, por cada batida novas fantasias. Loucas palavras, luzes cor de mel, ventos que trazem nuvens de papel. Diz-me o que hei-de eu fazer, sinto no tempo o meu tempo a morrer. Quanto mais longe, mais perto de ti.

Vozes ao longe chamam por mim, cantigas, magia, passos de arlequim. Estrelas cadentes na palma da mão, milagres, duendes, rasgos de paixão. Diz-me o que hei-de eu fazer, sinto no tempo o meu tempo a morrer. Quanto mais longe, mais perto de ti.

Ouço os segredos do fundo do mar, barcos perdidos, sereias a cantar. Trago o teu nome escrito no peito, volta para mim, faz teu o meu leito. Diz-me o que hei-de eu fazer, sinto no tempo o meu tempo a morrer. Quanto mais, longe mais perto de ti. Mais perto de ti, mais perto de ti… mais perto de ti....

Mas não te vejo, não te sinto em mim e será que ainda me resta tempo contigo, ou já te levam balas de um qualquer inimigo. Será que soube dar-te tudo o que querias, ou deixei-me morrer lento, no lento morrer dos dias. Será que fiz tudo que podia fazer, ou fui mais um cobarde, não quis ver sofrer. Será que lá longe ainda o céu é azul, ou já o negro cinzento confunde Norte com Sul.

Será que a tua pele ainda é macia, ou é a mão que me treme, sem ardor nem magia. Será que ainda te posso valer, ou já a noite descobre a dor que encobre o prazer. Será que é de febre este fogo, este grito cruel que da lebre faz lobo. Será que amanhã ainda existe para ti, ou ao ver-te nos olhos te beijei e morri. Será que lá fora os carros passam ainda, ou as estrelas caíram e qualquer sorte é bem-vinda. Será que a cidade ainda está como dantes ou cantam fantasmas e bailam gigantes. Será que o sol se põe do lado do mar, ou a luz que me agarra é sombra de luar. Será que as casas cantam e as pedras do chão, ou calou-se a montanha, rendeu-se o vulcão.

Será que sabes que hoje é Domingo, ou os dias não passam, são anjos caindo. Será que me consegues ouvir ou é tempo que pedes quando tentas sorrir. Será que sabes que te trago na voz, que o teu mundo é o meu mundo e foi feito por nós. Será que te lembras da cor do olhar quando juntos a noite não quer acabar. Será que sentes esta mão que te agarra que te prende com a força do mar contra a barra. Será que consegues ouvir-me dizer que te amo tanto quanto noutro dia qualquer.

Eu sei que tu estarás sempre por mim, não há noite sem dia, nem dia sem fim. Eu sei que me queres, e me amas também, me desejas agora como nunca ninguém. Não partas então, não me deixes sozinho, vou beijar o teu chão e chorar o caminho. Será… Será… Será!

Não sei, mas não posso deixar que te leve o castigo da ausência, vou ficar a esperar e vais ver-me lutar para que esse mar não nos vença. Não posso pensar que esta noite adormeço sozinho, vou ficar a escrever, e talvez vá vencer o teu longo caminho. Quero que saibas que sem ti não há lua, nem as árvores crescem, ou as mãos amanhecem entre as sombras da rua. Leva os meus braços, esconde-te em mim, que a dor do silêncio, contigo eu venço num beijo assim.

Não posso deixar de sentir-te na memória das mãos, vou ficar a despir-te, e talvez ouça rir-te nas paredes, no chão. Não posso mentir que as lágrimas são saudades do beijo, vou ficar mais despido que um corpo vencido, perdido em desejo.

Quero que saibas que sem ti não há lua, nem as árvores crescem, ou as mãos amanhecem entre as sombras da rua. Leva os meus braços, esconde-te em mim, que a dor do silêncio, contigo eu venço num beijo assim.

Vem, e deita-te em mim, descobre onde estás, escuta o silêncio, que o meu corpo te traz. Não me deixes partir, não me deixes voar, como um pássaro louco, como a espuma do mar. Sente a força da noite como facas no peito, como estrelas caídas que te cobrem o leito. Tenho tantos segredos que te quero contar e uma noite não chega, diz que podes ficar.

Dá-me o tempo, dá-me a paz, viver por ti não é demais. Dá-me o vento, dá-me a voz, viver por ti, morrer por nós. Enfim nós os dois, os teus gestos nos meus, perdidos no quarto sem dizermos adeus. Adiamos a noite, balançamos parados, pela última vez os nossos corpos colados. Sente a força que temos quando estamos assim, um segundo é o mundo que nos separa do fim.

Porque tens de partir quando há tanto a dizer? Eu não sei começar, não te quero perder.

Mas então deixei as palavras devorar-me os segredos, abracei a cidade e prendi-a entre os dedos. Cansei-me das ruas, das luzes de prata, escondi-me nas portas em vertigens de faca. Abri as janelas sobre praças divinas, e fechei-te nos braços sob a luz das cortinas. Mergulhei no abismo de um olhar tão urgente, e beijei-te sem pressa pedindo-te o sempre.

A vida é só este espaço vazio, um instante demente entre as margens de um rio. Pedaço de tempo, mentiras eternas, uma névoa de gente de esperanças pequenas.

Foi então que sonhei que não tinhas partido, que as mãos eram céu e as noites comigo. Acordei num abraço sereno de ti, e foi preso no nada que no sonho morri. Disseste que o quarto te fugia das mãos, eu perdi-me no medo que tivesses razão.

Mata-me a saudade, agarra-me para sempre… A vida é só este espaço vazio, um instante demente entre as margens de um rio. Pedaço de tempo, mentiras eternas, uma névoa de gente de esperanças pequenas. E no meu sonho eu te vejo onde a noite não tem braços que te impeçam de partir, nas sombras do meu quarto há mil sonhos por cumprir.

Não sei quanto tempo fomos, nem sei se te trago em mim, sei do vento onde te invento, assim. Não sei se é luz da manhã, nem sei o que resta em nós, sei das ruas que corremos sós, porque tu, deixas em mim tanto de ti, matam-me os dias, as mãos vazias de ti.

A estrada ainda é longa, cem quilómetros de chão, quando a espera não tem fim, há distâncias sem perdão. Não sei quanto tempo fomos, nem sei se te trago em mim, sei do vento onde te invento, assim. Não sei se é luz da manhã, nem sei o que resta em nós, sei das ruas que corremos sós, porque tu, deixas em mim tanto de ti, matam-me os dias, as mãos vazias de ti.

Navegas escondida, perdes nas mãos o meu corpo, beijas-me um sopro de vida, como um barco abraça o porto. Porque tu, deixas em mim tanto de ti, matam-me os dias, as mãos vazias de ti.

Gostava que navegasses para mim, só para poder dizer… Quando veio, mostrou-me as mãos vazias, as mãos como os meus dias, tão leves e banais. E pediu-me que lhe levasse o medo, eu disse-lhe um segredo: "Não partas nunca mais". E dançou, rodou no chão molhado, num beijo apertado de barco contra o cais.

E uma asa voa a cada beijo teu, esta noite sou dono do céu, e eu não sei quem te perdeu. Abraçou-me como se abraça o tempo, a vida num momento em gestos nunca iguais. E parou, cantou contra o meu peito, num beijo imperfeito roubado nos umbrais. E partiu, sem me dizer o nome, levando-me o perfume de tantas noites mais.

E uma asa voa a cada beijo teu, esta noite sou dono do céu, e eu não sei quem te perdeu… Mas afinal … Afinal fui eu quem te perdeu, mas ainda gosto de ti como quem gosta do sábado, gosto de ti como quem abraça o fogo, gosto de ti como quem vence o espaço, como quem abre o regaço, como quem salta o vazio, um barco aporta no rio, um homem morre no esforço, sete colinas no dorso e uma cidade p’ra mim.

Gosto de ti como quem mata o degredo, gosto de ti como quem finta o futuro, gosto de ti como quem diz não ter medo, como quem mente em segredo, como quem baila na estrada, vestido feito de nada, as mãos fartas do corpo, um beijo louco no porto e uma cidade p’ra ti. E enquanto não há amanhã, ilumina-me, ilumina-me. Enquanto não há amanhã, ilumina-me, ilumina-me.

Gosto de ti como uma estrela no dia, gosto de ti quando uma nuvem começa, gosto de ti quando o teu corpo pedia, quando nas mãos me ardia, como silêncio na guerra, beijos de luz e de terra, e num passado imperfeito, um fogo farto no peito e um mundo longe de nós.

Enquanto não há amanhã, ilumina-me, ilumina-me. Enquanto não há amanhã, ilumina-me, ilumina-me. Vem… Vem iluminar-me amor, pois eu tenho o tempo, tu tens o chão, tens as palavras entre a luz e a escuridão. Eu tenho a noite, e tu tens a dor, tens o silêncio que por dentro sei de cor.

E eu, e tu, perdidos e sós, amantes distantes, que nunca caiam as pontes entre nós.
Eu tenho o medo, tu tens a paz, tens a loucura que a manhã ainda te traz. Eu tenho a terra, tu tens as mãos, tens o desejo que bata em nós um coração.

E eu, e tu, perdidos e sós, amantes distantes, que nunca caiam as pontes entre nós.

Silêncio…

Silêncio pois não posso deixar que te leve o castigo da ausência, vou ficar a esperar e vais ver-me lutar para que esse mar não nos vença. Não posso pensar que esta noite adormeço sozinho, vou ficar a escrever, e talvez vá vencer o teu longo caminho. Quero que saibas que sem ti não há lua, nem as árvores crescem, ou as mãos amanhecem entre as sombras da rua. Leva os meus braços, esconde-te em mim, que a dor do silêncio, contigo eu venço num beijo assim.

Não posso deixar de sentir-te na memória das mãos, vou ficar a despir-te, e talvez ouça rir-te nas paredes, no chão. Não posso mentir que as lágrimas são saudades do beijo, vou ficar mais despido que um corpo vencido, perdido em desejo.

Quero que saibas que sem ti não há lua, nem as árvores crescem, ou as mãos amanhecem entre as sombras da rua. Leva os meus braços, esconde-te em mim, que a dor do silêncio, contigo eu venço num beijo assim…

1 comentário:

Unknown disse...

Há quem afirme que as pessoas não mudam. Outros, no entanto, apostam que o AMOR é capaz de promover grandes transformações. Sinceramente?
Como sabem, não acredito em generalizações e, particularmente, prefiro acreditar que cada pessoa é única. Há quem realmente nunca mude, especialmente porque não quer mudar! E há quem se deixe transformar por conta dos sentimentos, especialmente porque quer ser transformado.

Portanto, como sempre, creio que o melhor seja olhar para dentro. Deixar a decisão na mão do outro é como andar à deriva, sem saber para onde estamos indo. Por algum tempo, esta pode até ser a melhor opção, para que se possamos perceber melhor os nossos sentimentos e o que se deseja fazer; mas chegará o momento em que temos de assumir a direcção e traçar a nossa rota.

Sem falar que ‘insistir’ ou ‘desistir’ são duas opções extremas. Entre elas, há algumas outras possibilidades. Insista um pouco menos. Desista um pouco mais. Nesta mesma medida, invista em si: saia com os amigos, olhe ao redor, perceba que a vida também tem seu próprio ritmo, sábio por sinal.

E chegará o dia em que a verdade prevalecerá: quando um não quer, dois não podem ficar juntos. E quando um quer mais ou menos e o outro quer inteiro, é hora de tomar a tão importante decisão – insistir ou desistir. E aí, a conversa é entre nós e o nosso coração... e mais ninguém!