Que nunca caiam as pontes entre nós.

Não sei o amanha... Não sei se te volto a ter em mim... Não sei...Sinto-me nulo... mas é tempo de acabar a ficção que tenho andado a inventar... é tempo de fechar as cortinas... é tempo de respirar a crua realidade da ausencia da cor... de amor... de paixão... chega da loucura do tempo... é hora de por os pés na terra... é hora de voltar a chorar o caminho... é hora... é hora... chega de silencios... de olhares distantes e dispersos... chega da dor que na noite eu sei de cor... chega das lagrimas a cair na minha face... chega... o amanha não é hoje... o agora não é o logo... o hoje não é o ontem... o passado é passado e está morto e enterrado... agora chega... não consigo mais estar assim... carencia talvez... saudade também... e dor e pior meu amor a lembrança dos olhos teus nos meus... Não... não quero um adeus... não... quero o desejo a loucura de te ter em mim... mais uma vez... e de vez... sem adeus, até já ou até manhas... quero-te do meu lado... quero superar os meus medos com a tua loucura... quero saciar o meu desejo no teu peito... quero estar a repousar em ti... quero a paz que tu me das... essa paz que me faz tornar a ser criança refugiado em ti... quero... que nunca caiam as pontes entre nós....

Eu tenho o tempo,
Tu tens o chão,
Tens as palavras
Entre a luz e a escuridão.
Eu tenho a noite,
E tu tens a dor,
Tens o silêncio
Que por dentro sei de cor.
E eu, e tu,
Perdidos e sós,
Amantes distantes,
Que nunca caiam as pontes entre nós.
Eu tenho o medo,
Tu tens a paz,
Tens a loucura
Que a manhã ainda te traz.
Eu tenho a terra,
Tu tens as mãos,
Tens o desejo
Que bata em nós um coração.
E eu, e tu,
Perdidos e sós,
Amantes distantes,
Que nunca caiam as pontes entre nós.