sexta-feira, 5 de outubro de 2007

muralhas destruidas



Fecho os olhos e deixo-me adormecer sobre a areia húmida desta vasta praia.
Percorro os caminhos que atormentam o meu sossego e deparo-me constantemente com situações tão banais, tão estranhas e ao mesmo tempo tão intensas. Oiço dentro de mim aquelas vozes que falam da minha vida como se soubessem todos os traços que percorri desde o momento que nasci. Às vezes chego a pensar que todas estas vozes estão certas, porque na realidade parece que já conhecem um pouco do que sou, falam cuidadosamente deste mundo que trago dentro de mim cuja muralha se desmoronou tão facilmente como outrora eu nunca havia pensado que viesse acontecer.
Não acordo.. sinto uma leve brisa matinal a percorrer a minha pele e o cheiro a maresia é inconfundivel, sei que estou a sonhar, mas perfiro não acordar, porque sei que no plano terreste não consigo fazer aquilo que tão bem faço quando estou a sonhar. No sonho em que vivo, deixo o meu espirito solto e pronto a vaguear os instintos do meu passado e penso que o meu sonho é como uma águia que voa livremente no azul do ceu.
Mas hoje queria falar sobre algo que me deixa triste: saber que as pedras cairam. Vivi sempre uma vida que me obrigou a construir uma muralha à minha volta. Ao longo do tempo fui construindo a minha fortaleza, o meu refugio que me deixava tão confortavel. É tão dificil ás vezes eu me habituar a esta nova realidade, a este mundo tão diferente daquele que era à tão pouco tempo. Neste meu sonho sei que existe alguem sempre pronto a ajudar, a ouvir e apoiar. Mas é tão dificil limpar a poeira. É doloroso, mas sei que mais tarde o tempo irá trazer os seus frutos.
Não me recordo mais de ter acordado, mas sei que escrevi estas palavras na areia molhada: Encontra uma razão para viver, pela qual estarias disposto a morrer.
Às vezes sinto-me morto.

1 comentário:

Ladydemon disse...

Nem sempre nos habituamos ás mudanças que ocorrem na nossa vida...ás vezes estamos tão habituados á rotina que quando acontece algo de novo...ficamos petrificados e sem saber como reagir ás coisas...
Lembro-me que me disseste que não estas habituado a que olhem tanto por ti, a que sintam tanto a tua falta...
Meu amor já pensaste que ás vezes se te "sentes morto" é porque te recusas um pouco a sair desse mundo e a respirar o ar que corre cá fora??
Anda...dá-me a tua mão...liberta-te um pouco desse mundo que é tão teu...e está tão em ti...que mesmo sem que te apercebas, mesmo que não queiras...acaba por te sufocar...
Anda meu amor...dá-me a tua mão e vamos os dois respirar bem fundo um ar que não se encontra em qualquer parte, mas que faz parte de nós!!!

Amo-te!!!