Num final de tarde de Outono, senti o meu corpo a despertar com o ruído obstinado de uma folha amarela a morrer no chão. Acordei com os gritos ensurdecedores dos troncos das árvores a perderem o seu revestimento, e rapidamente debrucei-me na janela do meu quarto para sentir o aroma do vazio que separava o meu mundo desta verdade. Recordo-me do cheiro que pairava no ar, era uma mistura silenciosa de odores intensos, uma perfeita combinação de sacrifícios mútuos entre a morte e a vida. Outrora eu nunca tivesse tido esta frenética e exigente ousadia de espreitar através do vidro ténue, não me recordo de vez alguma ter aberto as portadas daquela janela para observar aquilo que fosse. Certamente que o cair das folhas provocou em mim uma sensação fascinante, tal como uma maturidade perdida no negrume da luz deste meu Outono.
Reparei que muitas vezes no decorrer da nossa existência, parecemos tão iguais a estas folhas, nascemos sem qualquer conhecimento do mundo, nascemos pequenos em todos os sentidos, depois com o passar do tempo, vamos começando a ganhar uma cor e o nosso tamanho vai cada vez mais aumentando, até que chega a um ponto em que a nossa maturidade é de tal forma que queremos tanto nos desprender do mundo, desta arvore que nos viu nascer. Mas tenho a dizer-te uma coisa, sabes o que te leva a pensar que és um ser verdadeiramente maduro? A resposta é tão simples que até tenho medo de te decepcionar: É precisamente o facto de pensares que conheces o mundo, mas quando cais no chão somente porque foste enxovalhado por umas minúsculas gotas de água ou abanado por um vento fraco, deixaste abater pela tua própria solidão e choras ao ponto de acordar o meu espírito.
Tenho-te a dizer uma coisa: andam por aí muitas folhas que precisam de um valente temporal para sentirem o sabor amargo da indiferença dos meus pés sobre a sua textura :P OhYEah!!!
Toranja - Laços Lyrics
Andamos em voltas rectas
Na mesma esfera,
Onde ao menos nos vemos
Porque o fumo passou.
A chuva no chão revela,
Os olhos por trás.
Há que levar o que restou
E o que o tempo queimou.
Tens fios de mais
a prender-te as cordas,
Mas podes vir amanha,
Acreditar no mesmo Deus
Tens riscos demais,
A estragar-te o quadro.
Se queres vir amanha,
Acreditar no mesmo Deus
Devolve-me os laços, meu amor!
Devolve-me os laços, meu amor!
Devolve-me os laços, meu amor!
Devolve-me os laços..
Andamos em voltas rectas
Na mesma esfera
Mas podes vir amanhã
Se queres vir amanhã
Podes vir amanhã
Tens riscos de mais
A estragar-me a pedra
Mas se vieres sem corpo
À procura de luz
Devolve-me os laços, meu amor!
Devolve-me os laços, meu amor!
Devolve-me os laços, meu amor!
Meu amor
Meu amor...
sábado, 4 de agosto de 2007
folhas que são folhas
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1 comentário:
A simples queda de uma folha pode significar o inicio ou o fim de um ciclo...significa a morte e ao mesmo tempo personifica a vida!
A mesma vida ciclica porque todos os corpos passam, a mesma vida que dá e tira, que ensina e nos faz errar!
A vida, tal como a queda de uma folha pode levar anos ou apenas segundos, pode ser levada com o vento, ou planeada e terminar exactamente onde se queria que terminasse, contudo nunca ninguém pode saber ao certo onde deixa cair a semente, e se esta tem forças suficientes para se erguer da terra e chegar bem alto, lá até ao céu...Acho que tudo depende da força interior, do caracter, da vbeleza pura que existe em cada um de nós...Quanto a ti...bema tua semente vai gerar com toda a certeza uma arvore com muitas folhas bem verdes, dauelas arvores que dão flores ou frutos...porque tu és tão complexo, tão puro, que de ti só poderá sair um grande legado!
Mais uma vez escreveste um texto tão bom que so te posso dizer mis uma vez que tenho muito orgulho em ti...Amut!
;)
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