quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Pedaços de uma Vida (Dis)funcional! Capítulo 1

Hoje vamos fazer algo diferente, hoje vou apresentar por esta via o primeiro capítulo de um dos livros que ando a escrever desde o ano passado, nas minhas horas vagas. Ou melhor, reapresentar pois isto veio a publico originalmente como nota na minha pagina pessoal do Facebook, mas foi muito rapidamente retirado quando descobri que o nome original to texto já se encontrava registado por um outro autor. 

Não obstante, continuei a trabalhar nesta novela, acho que lhe posso dar esse nome, e hoje em dia já tenho uns valentes capítulos feitos e concluídos, ao ponto de um dos meus objetivos para este ano seria self-release este novel na Amazon.com este ano. Pois, bora lá adiar estes planos, pois a vida interferiu no processo criativo e infelizmente esta historia foi colocada numa espécie de hiato.

E irá assim ficar por mais uns tempinhos, a menos que tenha um grupo grande de reações positivas a esta apresentação, uma vez que ainda estou a arrumar esta minha casa virtual - a criar rubricas e crónicas novas, o que me deixa sem o tempo necessário para me dedicar a este livro como ele merece. Mas vá, chega de conversa mole, e apreciem o primeiro capítulo na novela... 



Pedaços de uma Vida (Dis)funcional!




por Hugo MG Ferreira


Capítulo 1

"Confias em mim?"



Hoje acordei a morrer em mim, não me sinto em mim, já não sei quantas garrafas de vodka já bebi hoje e pelo que me lembro ainda só estou acordado há duas horas, mas isso não interessa nada.

Pois ao olhar para ti, ali deitada na tua cama, a dormir, despida de preconceitos num sono angelical, apenas me dá vontade de me ir enfiar debaixo do chuveiro e esfregar-me até a carne sangrar, foda-se, devia de estar muito bêbado ontem há noite, para ter feito uma merda destas, mas que se foda, eu já nem bebo, por isso foi mesmo conscientemente.

Foda-se...

Tu acordas, e olhas para mim com um sorriso rasgado como se tivesses ainda no céu, e dizes ainda com aquele brilho nos olhos que me fez apaixonar por ti, há tantos anos atrás, "Já de pé Carlos?",

Eu meio atrapalhado, apenas respondo, "Sim, tenho que ir trabalhar" e com isso dou mais um golo ou dois na garrafa que estava nas minhas mãos, e foda-se eu tinha parado de beber...

Ela refuta, "Carlos, hoje é Domingo, anda para a cama",

E essa foi a minha dica, eu sorrio, dou-lhe um beijo na testa e decido que a melhor ação é mesmo sair desta casa que já foi minha, mas que agora sinto-me um total e completo estranho aqui, "Não, tenho mesmo coisas para fazer" e com isso acabo de me vestir e saio o mais rápido possível.

Chego a casa uma meia hora depois, pois não estou a viver assim tão longe da minha antiga vida, se bem que as coisas aqui para mim, já não são o que eram, e eu, bem já não tenho os meus vinte aninhos como naquele tempo, não, tenho 43 anos, o que implica que já deveria de ter idade para ter juízo, mas vá, isso logo se vê.

Entro em casa de mansinho, para que a minha companheira de já há dois anos não de por mim, agarro com força as chaves de casa para não fazer barulho, mas foda-se devo de estar com álcool a mais no sangue, pois sendo por norma silencioso ao entrar em casa, hoje consegui fazer daquelas proezas que não passam na cabeça de ninguém...

Foda-se consegui bater com a chave na fechadura umas 3 vezes, até finalmente ter encontrado o buraco da fechadura, e ter conseguido abrir a porta, mas de repente ao fechar a mesma, esqueci-me de tirar a mão, o que me valeu uma entaladela que apenas se exprimiu com o valente FODA-SE CARALHO em plenos pulmões.

E se só isso não tivesse tido suficiente para acordar a Alexandra, a minha companheira, tive ainda o prazer de fechar a porta com o joelho que valeu um estrondo que se ouvir no rés-do-chão, e tendo em conta que eu moro num quarto andar já da para imaginar a doçura com que fechei a mesma. Fora isso, apenas tropecei no tapete do hall-de-entrada e ao entrar na banheira ainda tive o prazer de me vomitar por completo.

Nesse momento a Alexandra entra-me pela casa de banho a dentro, "Então Carlos, a noite no trabalho correu-te bem, presumo?"

Nesse momento acho que todo o álcool que tinha na cabeça desvaneceu, "Não, apenas fomos beber um copo depois de termos feito o inventário, eu é que já estou velho demais para beber."; disse eu esperando que ela não fosse perguntar mais nada.

O que por momentos foi o que aconteceu, até aquele momento em que ela se chega ao pé de mim, para me ajudar a tirar a roupa vomitada, e diz, "Carlos, espero que o chupão que tens no pescoço não tenha sido feito pelo teu colega Eduardo com quem estavas a fazer o inventário",

"Alexandra, não sejas tola, isso é só uma picada de mosquito", duvidei que a conversa fica-se por ali, mas estranhamente ficou, ou pelo menos foi o que eu pensei quando ela me respondeu…

"Está bem, toma lá banho e vai-te deitar, eu vou sair com a Alice pois ela precisa que material novo para a escola, mas aproveita e vê se curas essa bebedeira."; e com uma pausa continua, "E Carlos, nem penses ir dar um beijo a menina nesse estado."

Não discuti, tomei o meu banho rápido que deve de ter demorado uma meia hora, pois quando sai a Alexandra e a Alice já não estavam em casa, estou com aquele sentimento que o dia hoje não me vai correr bem, mas não quero saber, vou para a cama para ver se dormito um pouco.

    

Foda-se olho para o telemóvel, e a Nádia tinha me mandado uma mensagem... «Amei a nossa noite Carlos, quando voltas para casa?», foda-se, não me posso esquecer de apagar a mensagem antes que a Alexandra chegue, e adormeço com o telemóvel ainda na mão.

Três horas depois a Alexandra chega a casa com a menina que vai diretamente para o seu quarto com as coisas novas que comprou com a mãe, pois se há coisa que aquela menina gosta é mesmo de estrear logo as coisas novas que tem.

Dou por mim, a ser acordado pela Alexandra, procuro urgentemente o telemóvel na minha mão, mas o mesmo já não se encontra no sítio onde eu o deixei, de repente sinto o tom sério dela, "Queres falar?", eu tento fugir com o olhar, mas em vão, e com isso acabo por descobrir que o meu telemóvel encontra-se na mão dela.


Foda-se, é a única coisa que me passa pela cabeça, mas tudo o que me sai da boca é um "Confias em mim?".

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